terça-feira, maio 15, 2001

Tudo é difícil. Árido, ao menos. Tudo de bom tem um travo ruim, como daqueles cortezinhos na língua quando a gente come abacaxi, ou o ardido na pele depois de um fim-de-semana na praia. Nada neste mundo é totalmente bom. Tá, nada é totalmente ruim também, mas disso eu falo outro dia.
Lembro de uma 'alegria difícil' que eu li da Clarice Lispector, aquela das palavras todas encharcadas de verdade, que levantam fascínio ou incômodo, dependendo do gosto do freguês. Ela - a alegria difícil - deve ser fruto de um encontro muito profundo consigo mesmo, e nem isso se sabe ao certo. Mas é assim, dual, essa tal de humanidade... tanto que não consegue ser sem ser também o oposto, pensa bem...
A óbvio-dual-humanidade faz doce com um pouquinho de sal, crê com um pouquinho de dúvida, despreza com um pouquinho de admiração e ama com um pouquinho de ressentimento. Coisa complicada esse tal de eu...
E devo estar repetindo alguém. Mas - oh, que falta me faz o monte de coisas que não li - ainda que não original, ou nem mesmo verdadeiro, garanto que é sincero! ;o)
Deve ser por isso - a dualidade - que a fé é tão difícil. Deve ser mais por isso ainda que a mais difícil de todas é a fé em si mesmo.

Sem comentários: