terça-feira, novembro 04, 2003

(para ninguém, e para muita gente)
O FAROL
O farol está diante do mar.
Não precisa de mais nada, o mar lhe é suficiente.
O farol olha o mar dia e noite.
E dia, e noite, e dia.
Lança nele uma luz grande.
Grande para o farol, pequena para o mar.
O farol não se importa, pisca.
Jamais o toca. Muitas vezes se permite tocar.
De leve, respingos saltitantes, poeira d'água.
Jamais lhe fala. Ouve sempre.
Nuns dias sussurros, noutros trovões.
Nunca o silêncio - o farol sabe ouvir.
O farol quer o mar, o mar. Mar.
Mas não saltará nele.
Embora espere, dia após dia.
Por aquela onda, aquela
Com a qual o mar o levará embora.

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