quarta-feira, junho 13, 2001

Havia sido sempre o respirar palavras, e tinham cheiro, agora. Ar-palavra pesado e fértil. Pólen quase livre, leve errante, cadente em cheiro doce de sândalo ferido, dores de Axis. Talvez por isso os sorrisos tristes, sorrir de dores belas e raras, dores pérolas que não sabia bem se amadas ou odiadas. Sabia-as Alma, desejando-as como sóis.
Ia guardando uma a uma, delicadamente. Guardava-as às vezes tão fundo que doíam quase como no longe em que haviam nascido. Dor e cura, insolitamente cúmplices. Ungia-se desses cheiros-palavras de dor sobre dor. Um ir-sem-fim-de-ser-sem-fim. Depois as prendia túrgidas até a calma, que vinha longe, longe... longas horas de viver Axis.
Um tudo intenso, gritante, que não era dor de sofrer. Quis ensinar seu saber pequeno da dor quase alegre, e mostrava-se clara, anelante dos auto-olhos de ver. Existiam, sabia. Mostrava-se esperando um ver que era ver-se, Alma-espelho. Névoa de Axis, veria? Mostrava-se esperando-lhe quieta as luzes-palavras dos olhos. Dores ainda, não sem sofrer.

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