terça-feira, junho 05, 2001

Novamente a voz de Axis. Embora distante, ouvir mais intuído que real, real porque intuído, era clara. Voz firme de larguezas antigas, ecos de fé, força contida com esforço ignorada. Palavras dum fluir doce brusco de temporal, chuva de ouvir, fechar de olho insólito arriscado, abandono, medo como um fio. Falava falava um muito que era pouco porque um só. Sim, palavra única Axis. Sabia Alma de saberes muito esgarçados que era assim, e tinha de ser. Ouvir era ouvir-se.
Riu de novo. Era de riso raro restrito às horas de dor nenhuma, e via estranho em Axis o rir da dor. Mas ria, agora. Riso de Alma era fundo, belo de luzes e de poucos porquês. Agora Axis. Tinha de dizer-lhe do difícil que era estarem muito perto, forças de interagir equipotente, denso extenso crescente até um quebrar de angústia feliz, que é saber-se e também é dor. Mereciam-se.
Desde sempre desprezara os medos escondidos. Gostava dos ousadamente expostos, cuidados grandes de monstros de sombras de cantos de ventos. Gostava dos ventos, medos de Axis. Ágeis medos claros, transparentes respirantes, crescia neles. Um imperfeito vago de rejeitar mazelas perfeições, maior que o tempo.
Tempo rarefeito, tênue de fumaça muito branca, nuvem de esperas. Havia esforço e o tempo gemia, derretendo. Viu abertas muitas portas comportas, janelas rudes de guardar escuros. Um claro de ir e vir, e tudo novo. Palavras agora muitas, não sem dor. Vozes loucas de dentro, de grito e de canto. Música de ser.

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