segunda-feira, junho 11, 2001

Ouvir era ouvir-se... ouvir-se... ouviste, Axis? Silêncio... Alma muito acordada, olhando em volta. Silêncio de não falar, guardar medos antes expostos, asas antes abertas. Noite e chão de muitos caminhos longos hesitantes. Não lhe pertencia o voltar, e o seguir era múltiplo monótono nevoento, de tantas vidas. Buscava um grito, ecos de Axis, vozes novas de vôo e não de chão. Noite de quietude clara calma cálida e tudo de sonho, abismo de si e de susto. Névoa e Axis todo olhar. E ver, e ver era ver-se... ver-se... verter-se pó e sonho, palavras, olhos portas comportas de transbordar. Axis sede e não, incognitude de olhar abismo, imóvel, oculto em luzes como quem venda os olhos.
Seguiu-o Alma, sabia-se espelho. Vivo e limpo de ser e dizer. Pensou-se espelho de olhar e mostrar Axis-voz de silêncios muito velhos. Pensou-se chamado e apelo, toque e grito, voz de acordar como Axis. Era Alma somente, murmuro débil, chuva de ver, de ser, não de ouvir. Pensou-se lua. Era pedra.
Quase dia, ainda escuro. Ainda silêncio em silêncio Axis. Via-o música e riso, ainda, mas era Axis-silêncio. Silêncio e cansaço, cobrir abismos e mundos e o tempo e sangue e fleuma muito estanques discerníveis inalcançáveis, e cansaço.
Gritou Alma um grito de querer doce triste calmo. Movia muito um dizer perplexo, descrença no imóvel, silêncio de sem voz. Gritou cansaços e já era tão Alma que de pequena só se lhe sabia o grito. Até calar grito e sonho.
Amanheceu, sono frio e trêmulo. Sacudir de pó e sonho. Caminhar sob olhos ocultos e fé calada. Espera nômade chuva de ouvir.

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