quinta-feira, outubro 30, 2003

(para a Raquel)
Tudo que se oferece a alguém que chega ao mundo são desejos. Desejo paz, desejo saúde, desejo alegria, desejo um monte de coisas. É tudo de valioso que temos nós, estes que mesmo não te trazendo ao mundo ajudaram a te esperar. Só desejos. Muito sinceros e doces, alguns. Mas desejos são tão pouco, pobres de nós. Um pouco importante, um pouco precioso, é verdade. Um pouco que no fim das contas te sustenta e vivifica quase tanto quanto você a nós. Quando se chega a este mundo tão antigo e cansado o choque é tão grande que a gente nunca mais se lembra do que sentiu. O que você sente? Queria que pudesse dizer porque é como se já chegasse sabendo tanto. E devia saber mesmo a diferença que faz, porque o mundo é inteiro diferente já que agora tem você. É que junto com quem chega aqui assim, de repente, minúsculo e desprotegido, vem um imenso carregamento de vida nova. De esperança nova. Queria que pudesse dizer. Queria ao menos que lembrasse, pra mais tarde contar como pode um mundo inteiro – mundos que somos todos – caber num serzinho tão pequeno. E tudo que nos oferece por querer - embora sem querer traga muito mais - são sorrisos sonolentos e gestos e gritos valentes de conquista do seu lugar. Sim, é todo seu. Bem-vinda, vidinha nova em folha.

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