segunda-feira, maio 27, 2002

Dentro da gente é criança, mesmo. É assim, um inquieto esperneante, medos e vontades e nenhum controle. O controle é fora, rondas e grades, cadeias e bolas de ferro bem grandes. Nem sempre adianta. Tem mulher-menina de chantagem e veredito, um abismo assim profundo que captura e amedronta, e cobre de fogo e água, grito e choro. Tem homem-menino de fuga e violência, feito deserto de areia fervente que de repente gela, e migra e invade e assola de febre e frio, silêncio e fúria.
Dentro da gente é assim, confuso, e só por muito ser é que se domina a alma. Porque dominada a criança percebe e acalma um pouco. E nesse tempo curto, na paz do acalmar, é que se pode olhar em volta e beber devagar o vazio do grito, choro, silêncio ou fúria. Pode-se entender. Ouvir mais do que o próprio som, sentir mais do que a própria pele. Talvez quando outra pele se dê a sentir. De verdade. Será verdade? Tomara que sim.

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