terça-feira, maio 07, 2002

Não sabia de onde era, e isso não era surpresa. Era de tão longe, um longe que não dava pra dizer onde ficava. Longe de dentro. Talvez seja por isso que tem gente que a gente chama de vasta. Gente bonita de ver, mas que se arrisca toda hora a se perder lá dentro delas, de tantos caminhos. Então não sabia, e pior, parece que queria saber. Olhava pra si mesmo procurando umas respostas que ninguém tinha, como se a falta delas fosse de se condenar.
Sabia um monte de coisas que não era, e um pouco do que era também. Só não sabia que não ser é uma parte de ser. Que ser é ser feito de vazios.Sabia isso de ser humano-necessitado, e esquecia que humano é o mesmo que necessitado. E isso doía.
Por sorte existia o tempo. Sempre existe. E era muito. Muito mais futuro que passado, e o futuro era todo feito de respostas. Assim vivia mais perto delas a cada dia, ainda que nunca as alcançasse. E o nunca nem demoraria tanto, pra quem vinha de tão longe...

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