quarta-feira, maio 08, 2002

Estranho essa coisa de mãe. Essa ligação entre o filho, o útero e a eternidade. Isso de saber pra sempre que a gente não é só a gente. É mais alguém. É de mais alguém. É por mais alguém, mesmo sem querer. Mesmo sem 'o alguém' querer. Estranho isso de sentir dor por outra pessoa, e de ter tanta raiva quando ela sofre. Porque é que os filhos têm que sair da barriga das mães? Lá dentro é tão seguro... Tão pleno o poder de proteger.
Mas é assim, a vida. Eles saem, e o pior, crescem. E mais do que criar pessoinhas 'pro mundo', como diziam as nossas avós, é tão incômodo esse indispensável (impensável?) de criá-los pra si mesmos. Pra que cresçam, existam, e - pior de tudo - sofram por si mesmos. "Mas mãe, eu é que tô com problemas, porque é que você tá chorando?". Todas as mães são assim, filha. Malucas de amor, pra que vocês, coisinhas imensamente intensas que a gente põe pra fora da gente todo dia - é, sim, vocês sem saber insistem em estar aqui dentro mesmo quando grandes - comecem sua aventura na selva da vida bem protegidinhos. A natureza é sábia, nós é que não somos.
Mas o saldo final é positivo, sabe? E se posso me dar ao luxo de ser piegas, como pede o assunto, tem um monte de paraísos nesse padecer. Gargalhadas dobradas, desenhos borrados, segredos - ah, eu sempre soube que seriam tão preciosos - contados sob juramento de fidelidade eterna. Bombons divididos, bilhetinhos e aquele ar de quem já saiu há tanto tempo da barriga que daqui a pouco nem vai precisar mais ficar perto dela. Não é que a coisinha cresceu, e deu certo? Ah, filhos... que tal dar colo de presente de dia das mães?

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