sexta-feira, maio 17, 2002

O porquê eu não sei, não senhor. Só perguntando pra ela. Não, não sei quem é, também. Diz ela que nem ela mesma sabe. Me deu essas moedas aqui e pediu pra trazer isso e dizer umas coisas pro senhor. Aí eu perguntei porque é que ela não escrevia uma carta, ela disse que carta é pra ser respondida, o que ela queria agora era só dizer. Aí eu perguntei porque é que não vinha ela mesma falar, e ela disse que eu não tinha nada com isso. Não ri não, moço. É sério. Acho que a dona é maluca, mas eu disse pra ela que vinha, e palavra de homem não volta atrás, né? Primeiro ela falou de um tal de esconderijo que o senhor deu pra ela no temporal. Engraçado, faz tanto tempo que não chove. Quando ela falou isso lembrei daquela casa mal-assombrada do filme, que chove só em cima dela. Vai ver foi uma chuva assim, só dela, né? Dessas que a pessoa não espera, e pode até ficar doente. Deve ser bom isso de não deixar alguém ficar doente. Ela mandou pro senhor essa florzinha aqui, viva, plantada na terra. Disse que o senhor ia entender isso. Isso o quê, hein? Tá bom, tá bom, eu termino de contar. Ela falou também que ainda não levou o senhor na casa dela toda por causa da bagunça, mas o senhor é bem-vindo, e um dia que nem tá muito longe a casa vai estar arrumadinha pro senhor conhecer. Disse que o senhor levou um sorriso pra ela, e mandou um beijo. Só isso, tchauzinho... Engraçado, o olho dela brilhou enquanto falava igualzinho o seu tá brilhando agora!

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