quarta-feira, maio 15, 2002

IN-TROS-PEC-ÇÃO sf Exame que alguém faz dos próprios sentimentos ou pensamentos.

Estranho... lá fora a cascata é barulho e movimento. Ensurdecedora, frenética. Aqui é murmúrio contínuo, quase suave. E escuro. Curioso, as águas móveis não são transparentes. É fresco também. Como se entra aqui? Por que se entra? Pode-se sair? Prefiro ficar, parece seguro. Ninguém sabe das cavernas por trás das grandes quedas d'água. Ninguém sabe. Não, não podem saber. Que aterrorizante descobrir esses buracos disformes por sob águas tão fortes, tão retas. Lá fora a cascata é domínio. Ela não tem dúvidas, não hesita, não pede abrigo, não cede, não pára. A vida não pára. Aqui é sossego. Não para sempre, que a hora de sair sempre chega, pressão insustentável de vida em queda livre. Livre é o que há de bom na queda. O inevitável. Lá fora a cascata é medo e desafio. Vou descansar aqui agora. Não perturbe.

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